terça-feira, 19 de março de 2013

Túnel do Tempo.... resgate do El Caballero.

Então amigos, quem é um pouca mais tempo jovem como eu, lembra dos seriados dos anos 70 , Terra dos Gigantes, Rim Tim Tim, Zorro, Daniel Boone, Perdidos no Espaço entre tantos e um dos que eu mais gostava Túnel do Tempo.... mas não é deles que ou falar, cinema, música ( rock clássico é claro) são assuntos que gosto, mas o assunto aqui é jogos de tabuleiro.

Mas.... continuando com nostálgicos momentos, lá pelo início do séc. XXI ( já pensaram nisso!!, é a história desfilando na nossa frente), com a proliferação dos computadores domésticos, internet, ... discada, que absurdo era aquilo...  que mudança vivemos todos só dias e nem nos damos conta,  aqueles passeios virtuais pela internet, achando sites que falavam sobre jogos de tabuleiros.... aliais que surpresa foi essa, quando um mundo novo surgiu diante de mim na tela do computador.

Que jogos eram aqueles?? ....enquanto seguíamos bitolados com as já batidos e mencionados jogos do mercado nacional.
Destes alguns ficaram na lembrança, e El Caballero foi um destes....olha que na época o Puerto Rico estava despontando a mandando ver. É então que entro no Túnel do Tempo e trago o El Caballero, conhecido de muitos mas igualmente desconhecido de outros tantos ou mais.

Vamos lá comigo agora....


El Caballero é um jogo de 1998 de Wolfgang Kramer e Richard Ulrich. Falar em Kramer é falar em matemática, matemático que é, e portanto jogo concebido por meio de mecânica com tema colado. Lembra na arte o El Grande dos mesmos autores e não tem o que negar,  aliais assunto que já havíamos discutido na Ilha do Tabuleiro.... a evolução da arte dos jogos de tabuleiros, fácil de perceber ao conhecer os jogos mais antigos e sim o El Caballero não é um jogo bonito, por outro lado  jogo bonito não é sinonimo de jogo bom.




Olha o exemplo de um cavaleiro posicionado. O Barco leh permite pontuar no mar adjacente, o valor indicado na peça (um) é o total de cavaleiros neste território. O peixe é um ponto extra para o jogador azul.


El Caballero é um eurogame a toda prova, não tem o que tirar ou colocar e é também bem estratégico. Pode não agradar a todos ( e qual jogo agrada?), mas isso não tira do jogo a sua principal qualidade que é ser um jogo estratégico, justo o que  por vezes procuramos, diversão e estratégia.

O jogo é simples depois de pegar o jeito, requer alguma atenção ao ler as regras.

Jogar !

O jogador deve obrigatoriamente posicionar uma peça  de terreno na sua vez, junto a peça inicial ou peças já postadas sobre a mesa. Lembra de imediato o Carcassonne no entanto ao invés de castelos, temos a linha costeira, mar , peixes, ouro e colonização. Mas é só isso, pois o jogo segue outro caminho.

Cada jogador têm um deck de cartas com valores que vão de um a treze, O valor numérico estabelece a vez de jogar a partir do inicial, cada um escolhe uma de suas cartas e apresenta aos demais. O jogador seguinte deve no entanto escolher uma carta maior ou menor, nunca igual a uma já escolhida.

Detalhe cada carta têm representados um número de figuras ( rosto de Caballeros), que estão na ordem inversa do valor da carta, ou seja quanto mais alto o valor da carta menos, figuras representadas, menos Caballleros a disposição para fazer as jogadas. O número de figuras vai de zero na carta treze a sete na carta um.


Geral do jogo.

Estas duas jogadas, escolher a carta e posicionar uma nova peça são obrigatórias. Além disso  o jogador pode na sua vez :
A- Modificar o valor de seus cavaleiros na sua corte ( entender por corte uma carta de cavaleiro, cujo número a sua frente é o valor em cavaleiros disponíveis);
B- Comprar um ou dois navios para cavaleiros adjacentes ao mar;
C- Construir  um ou dois castelos;
D- Retornar cavaleiros para sua corte, quando o valor desta é aumentado;
E- Mover barcos ou cavaleiros de uma região para outra ou da corte para o tabuleiro;

Essa história de corte merece uma atenção extra. A peça de cavaleiro tem o mesmo tamanho físico da peça de território, isto porque a peça também pode ser posicionada adjacente a territórios para demonstrar o controle do jogador. No entanto o valor destes cavaleiros, é igual  no máximo ( importante)  a metade do valor total de cavaleiros na corte


A partir de Esquerda, Gabriel, Dieter e Witold.


Detalhando:

A- O total de cavaleiros na corte é demonstrado por uma peça cavaleiro a frente do jogador, cujo valor é igual ao valor da peça que esta virada para o jogador ( uma das quatro faces da peça)  ou então um dos valores do verso da peça. Os valores vão de 1 a 4 na primeira face e de 5 a 8 na segunda. Se o jogador  tem mais cavaleiros que oito usa uma segunda peça para marcar o total. Ao gastar cavaleiros o valor é subtraído, a contabilidade é feita de maneira inversa.

Exemplo: o jogador ao usar a carta de valor seis, recebe então quatro cavaleiros na sua corte. Digamos que o jogador já tinha três cavaleiros na corte, vira a peça de cavaleiro para a face ( de 5 a 8 ) com o valor sete apontado para ele, este valor é a soma de três mais quatro cavaleiros;

B- Navios são usados para pontuar territórios onde o jogador tenha  mar adjacente,  após comprar são colocados na corte e depois movidos para sobre as peças de cavaleiros junto aos territórios.

Nota: colocar barcos garante a pontuação para o jogador, cada espeço de mar adjacente é um ponto extra;

C- O Castelo, protege os cavaleiros, pois ao ser obrigado a retirar seus cavaleiros, estes podem retornar a corte, do contrário são perdidos.

D- Retirar cavaleiros para a corte é parte da estratégia, pois desta forma não perde os cavaleiros, que podem ser usados em outro momento. Retirar a carta de cavaleiro também pode ser a forma para abrir espaço e expandir o seu território;

E- Mover barcos e cavaleiros, é outra forma de proteger cavaleiros e barcos, ao move-los para territórios não ameaçados;

O jogo é pontuado em duas rodadas, na quarta e na sétima ( última), o tamanho dos territórios é o número de pontos somados, controle de minas, pescados, vale um ponto extra. O jogador com maioria em uma ilha recebe os pontos dobrados pelo controle de área. Empate pontuar igualmente sem dobrar o valor.

O que é estratégico no jogo:

- Um cavaleiro nunca pode estar adjacente a dois territórios, é desta maneira que a peça deve ser removida da área de jogo.  E não ter castelos, faz com que o jogador perca os cavaleiros posicionados;

- Balancear a quantidade de cavaleiros na corte e nos territórios é a arte do jogo, você deve ter o mesmo valor ( para menos em caso de um valor impar). Assim não é fácil um jogador elevar o seu poder e passar a ter a maioria;

- O controle de área  pela maioria, obriga o jogador ao ocupar territórios na mesma região, ou ter mais do que o jogador oponente ou então menos, nunca igual ao valor de cavaleiros de um jogador já posicionado;

- Perder cavaleiros, significa ter menos poder  para disputar o controle de territórios, então olha ai a importância dos castelos;

- Custos neste jogo são pagos com cavaleiros, um navio custa dois cavaleiros, um castelo um cavaleiro, portanto deve ser levado em conta também;

- Uma coisa que não gostei no jogo é esse negócio de colocar a peça cavaleiro junto a peças de território, fica estranho, no princípio parece meio confuso ( este é ponto negativo), mas com o tempo acostuma com a ideia e não tem jeito, o jogo em si esta ancorado neste conceito.

Retornando aos nosso tempo, depois desta viagem pelo Túnel do Tempo... este é El Caballero, jogo bacana, estratégico, de arte não muito bonita, mas o que vale é o jogo, o tema  colado é perceptível, pois se o jogo ocorre-se no espaço seria igualmente funcional

O confronto em alguns momentos é inevitável, mas não é o cerne do jogo, não é nem bom para os jogadores, cabe mesmo aprender a explorar os potenciais  que o jogo oferece e saber ocupar áreas e deixar o outro jogador em risco. Portanto existe boa interação, rejogabilidade, visto tratar-se de um jogo modular.

Vale conhecer, para quem curte jogos estratégicos é uma opção bacana. Esta descrição é válida para o jogo base, pois existe a possibilidade de jogar na forma avançada com algumas peças adicionais. Outro dia falo sobre esta variante oficial, que ainda não joguei.



Abraço!





2 comentários:

  1. Muita boa postagem Hermes, cada vez que entro no Mundo do Tabuleiro, mais me surpreendo, com a quantidade e qualidade dos jogos que há no mercado...Iria levar um vida para jogar metade destes jogos :D

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    1. Obrigado Paulo!

      é aquela situação, o povo que esta chegando não tem nem tempo de ver tudo que já passou, e lá atrás está muito do que se desenvolveu e se aplica hoje em dia!

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